Num país de dimensões continentais e com uma estrutura fundiária altamente concentrada, que remonta aos tempos do império, a Reforma Agrária se mantém como uma pauta atual nas lutas pela redução das desigualdades, do combate à fome e da inclusão social no Brasil.
Esse foi o resultado das discussões do “Seminário dos 60 Anos do Estatuto da Terra”, promovido pela ASSERA-BR e pela ABRA expressos na Carta Compromisso que traz, de forma sucinta, os ideais e compromisso que de maneira dialógica os participantes do Seminário elaboraram, tendo em vista atualizar contemporaneamente os intentos do Estatuto da Terra.
Nela estão sintetizadas as contribuições temáticas trazidas pelas 6 mesas temáticas, onde se apresenta, ao final em destaque as propostas de políticas agrícola e fundiária que na visão da maior parte das exposições convergem com as necessidades sensíveis de mudança das políticas de Estado ora vigentes.
Luciani Renault, Maria De Jesus Santana, Ciomeire Machado e Maria Mota Pires.
DIRETORIA COLEGIADA ASSERA/BR.
Carta Compromisso
Seminário – 60 Anos do Estatuto da Terra Brasília-DF, 26 a 28/11/2024
É objetivo desta carta expressar de forma sucinta as ideais e compromissos que de maneira dialógica os participantes deste significativo Seminário, promovido pelos dois primeiros subscritores (ASSERA/ABRA), tendo em vista atualizar contemporaneamente os intentos do Estatuto da Terra.
Neste sentido, sintetizamos as contribuições temáticas trazidas pelas 6 mesas realizadas entre 26 a 28 de novembro e apresentamos ao final em destaque as propostas de políticas agrícola e fundiária que na visão da maior parte das exposições convergem com as necessidades sensíveis de mudança das políticas de Estado ora vigentes.
Ressaltamos que a Carta Compromisso foi lida em plenária e suas emendas foram encaminhadas a Comissão de Redação, e encontram-se assinaladas em negrito neste documento. A versão final ora apresentada é de responsabilidade desta Comissão de Redação em nome da ASSERA/BR e da ABRA.
Seguem-se as contribuições das 6 mesas temáticas e nas “Considerações Finais” as propostas de resposta política com que nos comprometemos ética e politicamente.
É objetivo desta carta expressar de forma sucinta as ideais e compromissos que de maneira dialógica os participantes deste significativo Seminário, promovido pelos dois primeiros subscritores (ASSERA/ABRA), tendo em vista atualizar contemporaneamente os intentos do Estatuto da Terra.
Neste sentido, sintetizamos as contribuições temáticas trazidas pelas 6 mesas realizadas entre 26 a 28 de novembro e apresentamos ao final em destaque as propostas de políticas agrícola e fundiária que na visão da maior parte das exposições convergem com as necessidades sensíveis de mudança das políticas de Estado ora vigentes.
Ressaltamos que a Carta Compromisso foi lida em plenária e suas emendas foram encaminhadas a Comissão de Redação, e encontram-se assinaladas em negrito neste documento. A versão final ora apresentada é de responsabilidade desta Comissão de Redação em nome da ASSERA/BR e da ABRA.
Seguem-se as contribuições das 6 mesas temáticas e nas “Considerações Finais” as propostas de resposta política com que nos comprometemos ética e politicamente.
Mesa I – BASE LEGAL E MEIOS À POLÍTICA AGRÁRIA
Esta primeira Mesa Temática destacou a importância histórica do Estatuto da Terra como instituição de direito agrário do Brasil; ao mesmo tempo em que conceitua aquilo que posteriormente a C. F de 1988 viria a estabelecer como regimes jurídicos explícitos: terras destinadas à produção mercantil, cumprindo uma função socioambiental (Art. 186); 2) Terras étnicas (indígenas Art. 231) e quilombola (ADCT Art. 68); 3) Unidades de conservação (Art. 225); 4) Terras destináveis à Reforma Agrária (Art. 184 a 191).
Por sua vez, à análise específica da “Destinação e Gestão de Terras Públicas” coube propor destaque ao tema da governança fundiária, em especial à sistemática grilagem do patrimônio público, que requer também sistemática ação coercitiva, fundamentada em informações georreferenciadas dos espaços relativos aos diferentes regimes fundiários constitucionais, que por sua vez demanda Cadastros Territoriais integrados, transparentes e subordinados a Autoridade Federal Coordenadora.
Mesa II – POVOS E TERRITÓRIOS
Mesa III – TRANSIÇÃO ECOLÓGICA E QUESTÃO AGRÁRIA
Mesa IV – SOBERANIA E SEGURANÇA ALIMENTAR
Mesa V – POLÍTICA AGRÁRIA ATUAL
MESA VI – PROPOSTA DE DISCUSSÃO DO III PNRA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
III PLANO NACIONAL DE REFORMA AGRÁRIA
Introdução
Introdução
A questão agrária persiste e acumula novos elementos ampliando a importância da reforma agrária. Entre os principais problemas do mundo contemporâneo estão a persistência da fome, a manutenção da desigualdade, a intensificação do desmatamento e as emergências climáticas, como tempestades e inundações, secas e ondas de calor extremo que nos levam a repensar os usos dos territórios.
Este repensar significa ultrapassar o desenvolvimento predatório, através de perspectivas e iniciativas baseadas na natureza, em relações solidárias, colaborativas, participativas, de raça e gênero, comprometido com a superação dos problemas estruturais da sociedade.
Para superar esses problemas é necessária a elaboração de políticas públicas debatidas pela sociedade, organizadas e executadas pelos governos, no sentido de promovê-las segundo os preceitos dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU: o ODS 1 - Erradicação da Pobreza, o ODS 2 - Fome Zero e Agricultura Sustentável, o ODS 3 - Saúde e Bem Estar, o ODS 4 - Educação de Qualidade, o ODS 5 - Igualdade de Gênero, o ODS 6 - Água Potável e Saneamento, o ODS 7 - Energia Limpa e Acessível, o ODS 8 - Trabalho Decente e Crescimento Econômico, o ODS 9 - Indústria, inovação e Infraestrutura, o ODS 10 - Redução das Desigualdades, o ODS 11 - Cidades e Comunidades Sustentáveis, o ODS 12 - Consumo e Produção responsáveis, o ODS 13 - Ação contra a Mudança Global do Clima, o ODS 14 - Vida na Água, o ODS 15 - Vida Terrestre, o ODS 16 - Paz, Justiça e Instituições Eficazes, o ODS 17 - Parcerias e Meios de Implementação. O governo brasileiro está propondo a ODS 18 - Igualdade Étnico-racial, tema relevante na reforma agrária e sugerimos uma nova ODS - Acesso à terra e Alimento Saudável. Nesse sentido, destaca-se também a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa internacional proposta pelo Brasil à frente da Presidência Pro Tempore do G20.
A reforma agrária pensada como uma política de desenvolvimento territorial sustentável pode tratar dos temas da produção agroecológica, do combate à fome, do reflorestamento, promovendo a regeneração territorial e a mitigação das mudanças climáticas de forma alinhada com a diminuição das desigualdades.
A reforma agrária pensada como uma política de desenvolvimento territorial sustentável pode tratar dos temas da produção agroecológica, do combate à fome, do reflorestamento, promovendo a regeneração territorial e a mitigação das mudanças climáticas de forma alinhada com a diminuição das desigualdades.
Esta proposta abre uma nova janela para as experiências de reforma agrária, associadas ao conceito de território relacional, em uma perspectiva crítica multidimensional, em que o território é compreendido como espaços apropriados para determinados usos da agricultura familiar camponesa, dos povos indígenas, quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais.
A reforma agrária ganhou novo contexto com as mudanças territoriais recentes como a
econômica e a ambiental. Tornou-se uma questão multidimensional. A reforma agrária é uma política pública constante e de futuro. Precisa ser pensada a curto, médio e longo prazo, sempre associada a outros conjuntos de políticas, porque a responsabilidade de alimentar o mundo é de todos nós.
O conceito de território relacional nesta perspectiva compreende o espaço pela inseparabilidade das pessoas, da terra, da água, do trabalho, da produção, das tecnologias, das decisões, de todas as ações e objetos que compõem o território. Todas essas dimensões compreendem a totalidade do território.
Esta proposta parte da atualidade da reforma agrária, para democratizar o acesso à terra, à comida, ao mesmo tempo que promove o reflorestamento do Brasil e contribui com a mitigação das mudanças climáticas. É uma perspectiva multidimensional para a produção e consumo de alimentos saudáveis, respeitando a natureza e também colabora com a saúde dos territórios do campo, da cidade, das florestas e das águas.
A atualidade da reforma agrária exige políticas inovadoras baseadas nos diálogos de saberes e nas tecnologias socioterritoriais como a mecanização, mercados populares e institucionais, indústrias e cooperativas, circuitos curtos e longos dos sistemas alimentares.
O primeiro passo para iniciar a elaboração desta proposta é a formação de uma equipe com diversidade de gênero e raça que represente as diferentes instituições, como movimentos, universidades, representações dos poderes executivo, legislativo e judiciário.
Esta proposta contém um conjunto de princípios manifestados nesta introdução e três eixos que apresentamos a seguir que são referências para compor o III Plano Nacional de Reforma Agrária.
A reforma agrária ganhou novo contexto com as mudanças territoriais recentes como a
econômica e a ambiental. Tornou-se uma questão multidimensional. A reforma agrária é uma política pública constante e de futuro. Precisa ser pensada a curto, médio e longo prazo, sempre associada a outros conjuntos de políticas, porque a responsabilidade de alimentar o mundo é de todos nós.
O conceito de território relacional nesta perspectiva compreende o espaço pela inseparabilidade das pessoas, da terra, da água, do trabalho, da produção, das tecnologias, das decisões, de todas as ações e objetos que compõem o território. Todas essas dimensões compreendem a totalidade do território.
Esta proposta parte da atualidade da reforma agrária, para democratizar o acesso à terra, à comida, ao mesmo tempo que promove o reflorestamento do Brasil e contribui com a mitigação das mudanças climáticas. É uma perspectiva multidimensional para a produção e consumo de alimentos saudáveis, respeitando a natureza e também colabora com a saúde dos territórios do campo, da cidade, das florestas e das águas.
A atualidade da reforma agrária exige políticas inovadoras baseadas nos diálogos de saberes e nas tecnologias socioterritoriais como a mecanização, mercados populares e institucionais, indústrias e cooperativas, circuitos curtos e longos dos sistemas alimentares.
O primeiro passo para iniciar a elaboração desta proposta é a formação de uma equipe com diversidade de gênero e raça que represente as diferentes instituições, como movimentos, universidades, representações dos poderes executivo, legislativo e judiciário.
Esta proposta contém um conjunto de princípios manifestados nesta introdução e três eixos que apresentamos a seguir que são referências para compor o III Plano Nacional de Reforma Agrária.
Proposta para debate na sociedade
Bernardo Mançano Fernandes - UNESP. José Sobreiro Filho - UnB. Gustavo de Souto Noronha - INCRA. José Wylk Brauna da Silva - INCRA - UnB. Adda Luisa de Melo Sousa - MDS. Fernando Rabello - MDS. João Paulo de Faria Santos - UFG - MDS
Bernardo Mançano Fernandes - UNESP. José Sobreiro Filho - UnB. Gustavo de Souto Noronha - INCRA. José Wylk Brauna da Silva - INCRA - UnB. Adda Luisa de Melo Sousa - MDS. Fernando Rabello - MDS. João Paulo de Faria Santos - UFG - MDS